
A frase "foi o diabo que me fez fazer isso" não soa estranho quando certos indivíduos são pegos surpreendidos em algum delito grave e não desejam atribuir para si a ação cometida. Tais indivíduos estão praticando o que a psicologia chama de PROJEÇÃO, um mecanismo de defesa psicológico, definido por Sigmund Freud e posteriormente refinada pela sua filha Anna Freud. Esse mecanismo faz com que a pessoa projete seus próprios pensamentos, motivações, sentimentos e desejos indesejáveis para uma ou mais pessoas. Peter Gay, nascido em Berlim, na Alemanha, formado em história pela Universidade de Columbia com nacionalidade norte-americana, autor de obras como "A experiência burguesa: da rainha Vitória a Freud", na qual analisa o comportamento burguês no século XIX, definiu PROJEÇÃO como "a operação de expulsar os sentimentos ou desejos individuais considerados totalmente inaceitáveis, ou muito vergonhosos. obscenos e perigosos atribuindo-lhes a outra pessoa." Por exemplo: João que é casado com Maria, mas tem pensamentos eróticos/sexuais com Joana, não consegue lidar com o seu pensamento de infidelidade durante seu relacionamento com Maria de forma consciente, logo, João projeta esses sentimentos, através do subconsciente para Maria e, começa a acreditar conscientemente que Maria é quem tem pensamentos de infidelidade, ou até mesmo, que ela tem outros casos. Consequentemente, os ciúmes, as desconfianças, as discussões e por ultimo o assassinato, dependendo da cultura-sócio-economico-religioso, poderemos escutar a velha frase ecoando: FOI O DIABO QUE ME FEZ FAZER ISSO.
Não estamos querendo fazer apologia ao diabo, mas, saber o que a Bíblia diz sobre isto, pois temos lido em livros e assistido em alguns programas, bem como nos meios de comunicação informatizados sobre alguns nomes de demônios tais como: da prostituição, da impureza, da lascívia, da idolatria, da ira, da discórdia, da inveja, do ciúme, etc. A Bíblia, a Palavra de Deus, em nenhum lugar diz que tais coisas são frutos dos demônios, mas da carne, conforme Gálatas 5. É bem verdade, que o diabo, nosso adversário, tem sua parcela de culpa, pois em se tratando de tentação ele, o mundo e a carne constituem as três fontes da tentação, sendo que o diabo e o mundo nos tentam de forma externa e a carne de maneira interna, logo, quando João, hipoteticamente, assassinou Maria, ele fora tentado a fazer isso internamente, pela carne e não externamente, pelo diabo e o mundo. Porém, na maioria das vezes, os seres humanos não querem admitir a sua culpa e, logo, tende a transferi-la para outrem, como não havia ninguém por perto, então! é, foi o DIABO. Com isso, ao invés de tomarmos uma atitude bíblica de se arrepender, confessar o pecado e deixá-lo, assumindo as consequências dos próprios atos, preferimos negar toda e qualquer responsabilidade pessoal quanto ao pecado. A exemplo disso, temos Adão, Eva e a serpente. Quando Deus chamara Adão a responsabilidade ele projetou para Eva, que por sua vez, a fez para a serpente. Deus, não aceitando essa transferência de culpa, lança sobre cada um deles o devido julgamento. Caim, filho de Adão e Eva, usando de outro mecanismo de defesa, a negação, onde procuram negar os fatos que o perturbam, nega não saber onde estaria o seu irmão, mesmo Deus tendo falado com ele antes mesmo de ceder a tentação interna, da carne, dizendo: "Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo." Gênesis 4.7. O interessante é que no original hebraico, a expressão: "eis que o pecado jaz à porta", lança a ideia de uma grande fera junto a porta esperando somente o momento certo da pessoa abri-la para, só então, poder saltar em cima da vítima e devorá-la. Assim é o pecado da carne. Cumpre a nós dominar esses desejos.
Assim sendo, ao depararmos com esses desejos e cedermos, não venhamos a transferi-lo para ninguém, nem mesmo ao diabo, pois assim fazendo, nos distanciaremos do Senhor e não entraremos nas mansões celestiais. Assumamos a nossa responsabilidade para com o pecado e não esqueçamos da lei da semeadura, pois o que plantarmos também colheremos. O Senhor é misericordioso com aqueles que se arrependem e deixam os seus pecados. Deus vos abençoe.
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