FATOS CIENTÍFICOS NA BÍBLIA
SCIENTIFIC FACTS IN THE BIBLE
JÁCOME, Maxwell Cavalcante *
RESUMO
Em uma sociedade fortemente influenciada pelo cristianismo, a crença na bíblia é algo
cultural, embora o “livro sagrado” muitas vezes seja tido como opositor da racionalidade
científica. A bíblia não é um livro de ciências, mas uma análise científica dos seus textos,
considerando as diferenças históricas, revela filiações entre os conhecimentos antigos e a
ciência moderna, e confirma a veracidade e atualidade de muitos conceitos contidos neles.
Palavras-chave: Bíblia. Ciência. Fatos. Conhecimento.
ABSTRACT
In a society heavily influenced by Christianity, belief in the Bible is a cultural thing, although
the "holy book" is often regarded as an opponent of science rationality. The Bible is not a
book of science, but a scientific analysis of his texts, considering the historical differences,
reveals affiliations between ancient knowledge and modern science, and confirms the
accuracy and timeliness of many concepts contained therein.
Keywords: Bible. Science. Facts. Knowledge.
1 INTRODUÇÃO
A discussão sobre os fatos científicos tratados na bíblia é bastante limitada devido o
receio de se estudar esses casos. Se por um lado a ciência evita fundamentar suas ideias em
um livro de caráter religioso, julgando-o inadequado ao método científico, por outro, a crença
na verdade inerrante rejeita a opinião dos cientistas por achar, em seus ideais, incredulidade e
oposição à ação divina. Dessa forma, pouco se discute a temática nos meios acadêmicos e nas
igrejas.
Por mais que a ciência não seja declaradamente o foco da bíblia, seus textos têm
fundamentado há séculos a crença de grande parte da sociedade (principalmente da ocidental),
ainda que esta pouco saiba dos conhecimentos contidos no livro.
Para efeito de citação e análise científica dos fatos descritos dos escritos bíblicos,
deve-se ter noção de que a bíblia não foi escrita somente para leitores do século XXI, nem a
sua linguagem podia conter termos técnicos utilizados pela ciência contemporânea. Para
realização de tal estudo, serão citadas obras de alguns religiosos (os quais buscam
confirmações da veracidade da bíblia) e de artigos científicos voltados ao conteúdo bíblico.
2 CIENTIFICIDADE DA BÍBLIA
A bíblia não pode ser considerada apenas um livro, mas uma coleção de 66 livros,
escritos em hebraico, grego ou aramaico por aproximadamente 40 autores, e reunidos ao
longo de aproximadamente 1.500 anos, embora não seja organizada de forma cronológica
(Blanchard, 2006).
Embora a ciência não seja o objetivo principal, faz parte do conteúdo bíblico mostrar a
racionalidade de seus argumentos, fundamentando a fé em provas.
A estes também [apóstolos], depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas
provas incontestáveis [...] (At 1.3, grifo nosso).
Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão
escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Jo 20.30-31).
Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre
preparados para responder a todo aquele que vos pedir
razão da esperança que há
em vós (1Pe 3.15, grifo nosso).
3 INFLUÊNCIA DA BÍBLIA NA SOCIEDADE
Não há dúvidas de que a bíblia é um dos livros mais respeitados e influenciadores
presente na sociedade. Até mesmo os que não são adeptos da fé professada demonstram, na
maioria das vezes, reconhecimento quanto à pertinência de seus ensinamentos e de como estes
podem ser benéficos à conduta social.
Uma pesquisa realizada pela American Bible Society (Sociedade Bíblica Americana)
mostrou que 77% dos norte-americanos atribuem a perda de valores à falta de leitura da
Bíblia, além de que 66% dos entrevistados reconhecem na Bíblia uma fonte de conhecimento
e orientação para a vida (Chagas1, 2013). Isso é, de fato, herança de uma sociedade já muito
influenciada pelos seus textos. A bíblia é o livro mais lido de todos os tempos, com mais de 6
bilhões de cópias vendidas em todo mundo, enquanto que o segundo livro mais vendido (O
livro vermelho) não chega a 1 bilhão (HowstuffWorks, 2007).
Para muitas pessoas, os ensinamentos bíblicos sobre a origem do mundo e da vida,
além das inúmeras narrativas que desafiam as leis da natureza, prevalecem diante das
compreensões científicas para tais eventos. No entanto, em meio ao próprio campo científico
pode-se notar a aceitação da bíblia. Blanchard (2006) cita cientistas como Robert Boyle,
Michael Faraday, Johannes Kepler, Carolus Linnaeus, James Clerk Maxwell, Niels Steno,
William Thomson, Francis Bacon e Isaac Newton como crentes nas escrituras.
4 CIÊNCIAS ABORDADAS NA BÍBLIA
A bíblia não é um livro de caráter cientifico e sua intenção não é de fazer tais
afirmações. No entanto, muitas passagens podem ser interpretadas a partir de conhecimentos
tidos como recentes. Mesmo evitando interpretações exageradas, pode-se relacionar o
conhecimento antigo ao contemporâneo.
4.1 História e arqueologia
A análise histórica é um importante elemento para aceitação de um registro, revelando
se o que está escrito tem alguma procedência confiável. Neste sentido, a bíblia pode ser vista
como um importante documento histórico, abordando desde as antigas civilizações
(principalmente o povo hebreu) até o Império Romano.
Por mais que a preservação dos escritos originais seja discutida, diversos estudos e
descobertas, como os pergaminhos encontrados no Mar Morto em 1947, garantem uma
grande conservação dos escritos bíblicos.
Robert Wilson, ao estudar os registros bíblicos de 40 reis entre 1.600 anos, calculou
que a chance de que a precisão desses dados fosse mera coincidência é de uma em 75x1022
chances. William Albright também afirmou que as narrativas dos patriarcas, de Moisés e o
Êxodo, da conquista de Canaã, dos juízes, da monarquia, exílio e restauração possuem
historicidade reconhecida, graças às pesquisas modernas (Blanchard, 2006).
Kenneth Boa e Robert Bowman (2008) fazem um paralelo entre a história da bíblia e
as descobertas arqueológicas. Já no período dos patriarcas, muitos detalhes culturais foram
confirmados, embora haja possíveis controversas a pessoas bíblicas fora da bíblia. Da história
de Moisés à conquista da Terra Prometida, a arqueologia e os escritos extrabíblicos relatam
histórias semelhantes à das pragas de Êxodo e a queda do muro de Jericó, embora haja
dificuldades quanto às datas. Escavações revelaram referências à casa do rei Davi. Fontes fora
da bíblia citam as nações que lutaram contra Israel e Judá (na divisão do Reino) e
correlacionam detalhadamente as histórias bíblicas às pagãs durante o exílio e pós-exílio. No
novo testamento, as narrativas dos evangelhos e do livro de Atos ajustam-se extremamente
bem aos dados históricos e arqueológicos, os quais mencionam Jesus, João Batista e fatos
específicos sobre eles. Por exemplo, o antigo historiador judeu Flávio Josefo confirma vários
acontecimentos informados em Atos, inclusive a grande fome na Judéia no reinado do
Imperador romano Cláudio e a morte de Herodes Agripa I.
4.2 Geografia
Observar o comportamento da natureza para melhor convivência com a mesma é algo
intrínseco à história da humanidade, incluindo os dias atuais. Os textos bíblicos remetem a
conhecimentos sobre a Terra ainda que a frente das atribuídas descobertas.
4.2.1 Geologia
Talvez a bíblia relate a existência da pangeia na formação do planeta, enquanto a
primeira ideia de um continente único surgiu no início do século XX pelo meteorologista
Alfred Wegener (Freitas, 2013), e cite o núcleo da Terra, o qual pode atingir uma temperatura
de 6.000 ºC.
Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça
a porção seca. E assim se fez. À porção seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento
das águas, Mares. E viu Deus que isso era bom (Gn 1.9-10).
Da terra procede o pão, mas embaixo é revolvida como por fogo (Jó 28.5).
Os arqueólogos vêm encontrando cemitérios fósseis nas mais diversas regiões do
mundo, indicando a ocorrência de uma repentina catástrofe geológica, como uma grande
inundação. George Smith descobriu em 1852, entre as ruínas da Babilônia, tijolinhos onde
estavam escritos narrativas semelhantes ao dilúvio bíblico (Gênesis 7), história também
semelhante às crenças dos gregos, romanos, eslavos, tupis e guaranis, entre outros povos (A
historicidade ...2013).
Ray Comfort (2001) lista outros fatos, tais como os subitens 4.2.2 até 4.2.5:
4.2.2 Forma da Terra
As Escrituras nos dizem que a Terra é redonda: “Ele é o que está assentado sobre o
círculo da terra” (Isaías 40.22). A palavra traduzida como “círculo” indica algo esférico,
arredondado ou arqueado. Por mais que essa informação soe como intuitiva, é válido informar
que o livro de Isaías foi escrito aproximadamente entre 740 e 680 anos a.C., pelo menos 300
anos antes de Aristóteles sugerir que a Terra talvez fosse uma esfera.
4.2.3 Oceanografia
Mathew Maury relacionou a expressão “veredas dos mares” em Salmos 8.8 (escrito
2.800 anos antes) à sua descoberta das correntes continentais quente e fria. O seu livro sobre
oceanografia permanece um texto básico sobre o assunto e ainda é usado em universidades.
4.2.4 Ciclo da água
As Escrituras nos informam: “todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se
enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr” (Eclesiastes 1.7). Somado
a isso, em Eclesiastes 11.3 diz que “estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a
terra”, e em Amós 9.6 “Ele [...] o que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra”. A
ideia de um ciclo completo da água só foi compreendida pelos cientistas no século XVII.
4.2.5 Leis meteorológicas
A Bíblia descreveu um “ciclo” de correntes de ar: “o vento vai para o sul, e faz o seu
giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos”
(Eclesiastes 1.6), dois mil anos antes de os cientistas descobrirem. Hoje se sabe que o ar ao
redor da Terra gira em gigantescos círculos, no sentido horário em um hemisfério e no sentido
anti-horário no outro hemisfério.
4.3 Física
4.3.1 Cosmologia
Uma pesquisa encomendada pela NASA revelou dados coletados por um satélite
científico que levaram à conclusão de que planetas como a Terra se formam na escuridão de
refugo e detritos da sua estrela central, assemelhando-se a descrição em Gênesis 1.2: “E a
terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo”.
Essas descobertas da NASA também revelaram que como um planeta amadurece
dentro de seu casulo empoeirado de forma gradual, acaba sugando toda a poeira entre ele e o
sol, o que seria compatível com o que o livro de Gênesis diz no versículo três: “Haja luz”, que
a ciência trata como “luz difusa” (Chagas2, 2013).
Discussões como estas são fundamentais para a conciliação entre a narrativa bíblica
sobre a origem do mundo (vista como um mito por muitos cientistas) e as observações
científicas. Aliado com a interpretação de que os “seis dias da criação” possam significar
longos períodos de tempo, é possível conciliar ambos os posicionamentos, quase sempre tidos
como contrários.
4.3.2 Astronomia
A Bíblia falou da posição da Terra no espaço: “O norte estende sobre o vazio; e
suspende a terra sobre o nada” (Jó 26.7). A ciência não descobriu que a Terra não era
sustentada por nada até o século XVI, por Copérnico (Comfort, 2001).
4.3.3 Termodinâmica
Três lugares diferentes na Bíblia (Isaías 51.6; Salmos 102.25-26; e Hebreus 1.11)
indicam que a Terra está se deteriorando. Isso está em conformidade com o conceito de
entropia (Segunda Lei da Termodinâmica), o qual diz que em todos os processos físicos, todo
sistema ordenado ao longo do tempo tende a se tornar mais desordenado (Comfort, 2001).
Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas
mãos. Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste,
como roupa os mudarás, e serão mudados (Sl 102.25-26).
4.4 Medicina
Os procedimentos médicos atuais também descendem dos conhecimentos antigos. No
caso da medicina retratada na bíblia, pode-se destacar alguns métodos utilizados ainda hoje.
4.4.1 Circuncisão
A circuncisão era, e continua a ser, uma regra cerimonial que surgiu dentre os hebreus,
um sinal exterior do pacto que aquelas civilizações tinham com Deus. Na circuncisão o
prepúcio (pele que cobre a glande do pênis) era cortado fora através de uma “microcirugia”,
no oitavo dia de nascimento de todo bebê do sexo masculino: "Círcuncídar-vos-eis na carne
do prepúcio [...] a idade de oito dias todo varão dentre vós será circuncidado" (Gn 17.11-12).
Os fisiologistas Emmett Holt e Rustin Mcintosh afirmam que um bebê recém-nascido
tem suscetibilidade a hemorragias entre o 2º e o 5º dia de vida, mas no 8º dia a Vitamina K e a
protombina são normais no sangue do recém-nato, não havendo riscos de hemorragia. Sabe-se
também que é uma medida de higiene e prevenção de doenças para o homem e para a mulher
(IADRN, 2011).
4.4.2 Neurologia
Em 1861, Pierre Paul Broca relatou uma paciente que apresentou afasia motora e
hemiplegia direita após a lesão do giro frontal inferior à esquerda. Esta descrição é
considerada um marco na história da neurologia, mas há evidências de que mais de 2000 anos
atrás, estes sintomas foram descritos na bíblia: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se
resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se
não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria” (Sl 137:5-6).
Comparando diversas versões, pode-se chegar à seguinte tradução do salmo: "Se eu
me esquecer de ti, ó Jerusalém, a minha mão direita (do meu lado direito) deve secar (ficar
paralisado, perder a sua capacidade, a sua destreza) [...] a minha língua deve ficar (deve ser
enfraquecida, presa) para o meu paladar (na minha garganta), se eu não me lembrar de você,
se eu não preferir Jerusalém para ser a minha maior alegria". A língua presa na boca ou na
garganta é uma das primeiras descrições de afasia motora (Resende, 2008).
4.4.3 Anestesiologia
Vale e Delfino (2003) fazem uma análise histórica de nove premissas inerentes à
prática anestésica que já estão referenciadas na Bíblia há mais de 3.000 anos:
I- Jeová, o pioneiro da anestesia inalatória – Gên. 2; II- Efeito hipnótico e amnéstico
do álcool - Prov. 20, Gên. 19, Marc. 15; III - O Caos e a Cronobiologia relacionados
à Anestesia - Gên. 1, Ecles. 3; IV - A Estereoisomeria dos anestésicos - Ecles. 42,
Gên. 1; V - A ressuscitação cardiorrespiratória realizada por Elias e Eliseu - Gên. 2;
Reis III 17, Reis IV 4; VI - A tocoanalgesia - Gên. 3, Apoc. 12, Gên. 35 e morte
materna pós-parto de Raquel - Êx. 1; VII - A “proibição de comer” ou transfundir
sangue na testemunha de Jeová - Lev. 7,17; VIII - A acidose no tratamento de
convulsão epiléptica - Mat. 17; IX - Da morte na cruz por choque hipovolêmico -
Marc. 15, João 19.
Para efeito de citação, o item V sobre ressuscitação cardiorrespiratória avalia o modo
como o profeta Eliseu ressuscitou o filho da Sunamita.
Subiu à cama, deitou-se sobre o menino e, pondo a sua boca sobre a boca dele, os
seus olhos sobre os olhos dele e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre
ele; e a carne do menino aqueceu. Então, se levantou, e andou no quarto uma vez de
lá para cá, e tornou a subir, e se estendeu sobre o menino; este espirrou sete vezes e
abriu os olhos (2Rs 4.34-35).
No Velho Testamento estão os primeiros exemplos de ventilação boca-a-boca ou
boca-a-nariz e compressão torácica como terapêutica de emergência para ressuscitação
cardiorrespiratória (Gênesis 2.7; I Reis 17.21; II Reis 4.34). A avaliação e as manobras de
ressuscitação cardiopulmonar são procedimentos bastante conhecidos e ensinados em cursos
básicos de primeiros socorros, os quais minimizam os efeitos deletérios do intervalo sem
ventilação e circulação artificiais no paciente vítima de parada cardiopulmonar, da
neonatologia até a geriatria (Vale, Delfino, 2003).
5 PROFECIAS CUMPRIDAS
Uma das facetas da bíblia é incluir textos de caráter profético, os quais intrigam e
surpreendem muitos, motivando críticas e debates. A análise de algumas profecias já
cumpridas realça a credibilidade dos textos bíblicos, além de que a observação dos resultados
e comprovação dos fatos faz parte do ramo científico.
5.1 Nome do Rei Ciro
Por volta de 700 a.C. , época em que o livro de Isaías fora escrito, o profeta previu que
o Templo, ainda erguido, seria reconstruído por um rei de outra nação, o qual é citado pelo
nome (Ciro, rei persa) por volta de 100 anos antes de o mesmo decretar a permissão para
reconstrução do Templo, evento confirmado pela arqueologia (Profecias ...2013).
[...] digo de Jerusalém: Ela será habitada; e da cidade de Judá: Elas serão edificadas;
e quanto às ruínas: Eu as levantarei [...] Que digo de Ciro: Ele é meu pastor e
cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do
templo: Serás fundado. Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo
pela mão direita [...] por amor do meu servo Jacó e de Israel, meu escolhido, eu te
chamei pelo teu nome, te pus o sobrenome, ainda que não me conheces (Is 44:26-28;
45:1-4).
Analisando apenas onze profecias semelhantes a essas, sobre a terra e o templo de
Jerusalém nos registros dos profetas Jeremias, Ezequiel e Miquéias (além do já citado Isaías),
calcula-se que a probabilidade de que seus cumprimentos tenham ocorrido por acaso é de uma
em 8x1063 chances (Blanchard, 2006).
Boa e Bowman (2008) destacam duas profecias tidas como cumpridas:
5.2 Profecias de Daniel
No livro de Daniel foram feitas algumas predições, provavelmente até o ano 540 a.C.,
de que o templo seria reconstruído (o que aconteceu em 515 a.C.) mas que um futuro príncipe
destruiria a cidade e o santuário. Aliado a isso, Jesus também predisse (em 33 d.C.) uma
devastação em Jerusalém, na qual não ficaria pedra sobre pedra e seria presenciada por aquela
geração (Marcos 13.2,30). De fato, no ano 70 d.C. o Templo foi destruído pelos romanos.
Outra profecia de Daniel também teria se cumprido com a morte de Jesus, pois na
narrativa das “setenta semanas” é possível se calcular precisamente, de acordo com uma
interpretação linguística adequada, a data em que o “Messias” seria morto, coincidindo com a
época em que Jesus foi crucificado (33 d.C.) com o título “Rei do judeus”, cujo significado
equivale ao título de Messias (“o ungido”).
Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até
ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as
circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. Depois das sessenta e
duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há
de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim
haverá guerra; desolações são determinadas (Dn 9.25-26).
A precisão das datas e a coerência com as demais profecias impressionam e são uns
dos principais argumentos dos defensores das “sagradas escrituras”.
5.3 Promessa a Abraão
A promessa que Deus havia feito a Abrão (posteriormente Abraão), de que faria de
seus descendentes uma grande nação, foi registrada no século XV a.C. (data atribuída
tradicionalmente pelos historiadores), e teve seu cumprimento notório, já que até hoje há
muitos judeus, inclusive o Estado de Israel. “De ti [Abrão] farei uma grande nação, e te
abençoarei, e te engrandecerei o nome [...] em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn
12.2-3).
Ainda que alguns historiadores atribuam o registro da profecia para uma época
posterior a formação do Reino de Israel, a aspiração de que em Abraão seriam benditas as
famílias de toda terra só poderia ser realizada após o registro de todo Antigo Testamento com
a aparição de Jesus, já que, através desse judeu, a cultura judaico-cristã tem influência
bastante visível até nos dias de hoje; sendo, inclusive, objeto de estudos como este.
5.4 Nação em um dia
Também no livro de Isaías, uma profecia de que uma nação nasceria em um único dia
lembra a fundação do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, sendo reforçada pela
referência à Sião, quando diz: “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisa semelhante?
Pode, acaso, nascer uma terra num só dia? Ou nasce uma nação de uma só vez? Pois Sião,
antes que lhe viessem as dores, deu à luz seus filhos” (Is 66.8).
Esta seria uma profecia de cumprimento recente, evento presenciado por muitos ainda
vivos, mas que não fazia nenhum sentido até o seu acontecimento.
6 TEMÁTICAS ATUAIS
A bíblia esteve a frente de seu tempo. Num contexto religioso altamente segregador,
falava da inclusão: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho
nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
Blanchard (2006) também cita vários conceitos bíblicos que são a base da sociedade,
como casamento, divórcio, novo casamento, alcoolismo, uso de drogas, estresse e depressão;
sentimentos destrutivos como raiva, culpa, medo, dúvida, ansiedade, desonestidade,
imoralidade, arrogância, ganância, egoísmo e obscenidade; além de assuntos como
assassinato, violência, guerras e desastres naturais. Também demonstram princípios morais e
éticos presentes na atualidade, como aborto, eutanásia, homossexualidade, clonagem humana
e outras formas da engenharia genética.
Blanchard destaca, ainda, ensinamentos como vida familiar estável, correto usufruto
do sexo, responsabilidade dos empregadores (e empregados), justiça social, integridade nos
negócios e finanças pessoais, além da luta contra a pobreza, doença, rejeição, perdas e outros
traumas; mostrando o caminho para o amor, alegrias, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Ainda enfatiza os direitos dos animais e o
cuidado com o meio ambiente, nossa responsabilidade de ajudar os doentes, deficientes,
enlutados, sem-teto, espoliados, viúvas e órfãos.
Por trabalhar temas tão importantes para a sociedade é que se discute se os
ensinamentos bíblicos devem fazer parte do ensino escolar público, principalmente em uma
época em que é evidente a deficiência de valores morais e éticos entre os mais jovens.
Todavia, o receio em se violar a laicidade do Estado limita a discussão sobre como a bíblia
pode ajudar na formação social dos estudantes.
7 CONCLUSÃO
Apesar de a bíblia ser vista por muitos cientistas como inadequada ao estudo da
ciência devido suas muitas citações que violam as conhecidas leis da natureza, tais
acontecimentos não precisam ser analisados cientificamente. Os muitos milagres narrados
pelas escrituras não podem ser explicados pela razão, é um ato de fé crer ser possível ou não.
Ainda assim, muitos trechos não remetem a ações sobrenaturais, as quais podem ser
analisadas cientificamente.
É perceptível que muitas pessoas acreditam mais nos autores da bíblia do que nos
cientistas, ainda que não conheçam a ciência por trás do “livro sagrado”. Contudo, pode-se
afirmar que as escrituras abordam tanto ciências naturais como humanas, de conhecimentos
antigos a recentes, de métodos técnicos a práticas do cotidiano.
A procedência do conhecimento e dos acontecimentos registrados nas páginas da
bíblia é bastante discutível, mas não cabe à ciência solucionar tais problemas. De fato, a bíblia
pode ser tratada como um importante documento histórico e cultural, e de grande influência
para a sociedade, afinal, seu conteúdo é responsável até mesmo pela nossa divisão do tempo
(antes e depois).
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